domingo, 19 de abril de 2009

Muitas camisas de um único clube

São-paulino fanático que sou, não perdi tempo para adquirir e devorar a leitura do livro do Rogério Ceni e André Plihal (Maioridade Penal: 18 anos de histórias inéditas na marca da cal. Editora Panda Books, 2009).

Dentre muitas histórias interessantes e memoráveis - algumas apenas para tricolores, rs... - um capíulo específico foi destinado pelo goleiro para contar sobre o assunto aqui nos interessa neste blog: camisas de futebol.


Muitas camisas de um único clube

O jogador do uniforme diferente. Pode ser chamativo, coloridão, pode ser todo preto (obrigatório em qualquer coleção), e impactante ao mesmo tempo. É para a camisa que olham primeiro. Se esse primeiro olhar for o de uma criança, acontece muito dela vir seguido do fascínio pela posição. Na cabeça do menino, quem veste aquela roupa deve ter superpoderes.

Não temos. Eu, pelo menos, não. Mas tento preservar nos adultos essa fantasia juvenil. Como? Fazendo com que tenham vontade de comprar minha camisa. Para eles e para os filhos deles.

Adoro ver torcedores com a minha camisa - dos mais humildes aos mais influentes. Ainda me causa surpresa ver alguém vestido de Rogério num lugar muito distante, ou alguém ultraconhecido, que eu não imaginava ser admirador do meu trabalho (o jornalista William Bonner foi um deles).

Mesmo mais caras, com tecido mais grisso e manga comprida (empecilhos para quem vive num país tropical), já faz um tempo que as camisas de goleiro do São Paulo estão entre as mais vendidas do time, o que me estimula a ajudar na criação dos modelos. Antigamente, até participava mais.

A partir de 1999, inspirado no colombiano Navarro Montoya, decidi personalizar as minhas camisas com desenhos "invocados". A do Montoya tinha a cara dele, meio doidão, careca na frente, mas com um rabo de cavalo, dirigindo um caminhão. Na primeira que foi lançada, eu aparecia guiando uma caminhonete. A mais ousada era a amarela. Poxa, como eu gostava daquela camisa!

Em 2000, eu pilotava um avião. Sem dúvida, a que fez mais sucesso, principalmente porque com ela eu marquei um gol na final do Campeonato Paulista contra o Santos. Chegava a vender quatro mil por mês, quando o normal da época não passava de quatrocentas.

A última da série foi a do trem. Na ordem, a que menos me agradou, apesar de
curtir a elaborada na cor laranja.

Nos últimos anos, "brincamos" também com minhas iniciais (o RC grandão da histórica camisa da Libertadores de 2005) e com o número (o 01, que numa ilusão de ótica lembra a camisa 10).

Outras que uso com frequência e a torcida compra bastante são as parecidas com o uniforme dois do clube. Bruno do Flamengo e Silvio Luiz, quando estavam (sic) no Vasco, pegaram carona na idéia.

Por falar em camisas de outros times, no início de 2006 recebi duas que jamais usei. Uma lembrava a do Peñarol e a outra, a segunda do Corinthians. E se lembrasse a terceira, a roxa? Pois saiba que a camisa com a qual eu estrearia na Libertadores de 2008, que inclusive já estava comigo, guardada num saquinho, era ROXA. Um projeto de 2006.

A vinte dias do nosso jogo com o Atlético Nacional de Medellin, eis que o Corinthians apresenta a camisa número três, roxa! Prejuízo e perda do material já confeccionado. A minha continua no saquinho, esquecida.

Não há problema. Tenho mais de quarenta camisas usadas em jogos marcantes. Uma delas, enquadrada e ainda esperando por um lugar de destaque na sala da minha casa: a da final do Mundial de 2005. Preta, de listras tricolores na mesma altura da camisa número 1 de linha, com o logotipo do patrocinador bem discreto. Linda, certamente uma das preferidas.

Um dia descolo um lugar adequado para ela. Pensando bem, acho que já encontrei faz tempo: meu coração.

CENI, Rogério. PLIHAL, André. Maioridade Penal: 18 anos de histórias inéditas na marca da cal. Panda Books, 2009. p. 155-157.

Um comentário:

De Santis disse...

sensacional... fiquei curioso em ver esse livro. Mas que zica essa camisa roxa, hein? Seria legal se o RC soltasse antes que o Corinthians... queria saber o que seria feito la no Pq. Sao Jorge. Em todo caso, a roxa do Corinthians nao me agrada e nem essa do Ceni. Sorte dele terem lançado lá antes, hahaha.